No livro Redação
científica moderna o autor reflete com o leitor em seis capítulos, os
processos de consumo e produção de diferentes gêneros de textos científicos, ao
contrário da maioria dos livros sobre metodologia científica em que os autores
“prescrevem” o que fazer, como fazer, quando fazer e porque fazer.
Diferente disso tudo, Pedro Reiz analisa questões
como originalidade do texto
científico, tão importante na preparação de teses e artigos científicos; afora
ressaltar os prejuízos financeiros provocados por colaboradores internos que
produzem documentos sem originalidade,
imprecisos e ambíguos.
Sem entrar no centro das discussões de Redação científica moderna, vale
destacar a busca de fontes confiáveis sobre o tema central e a seleção das
informações realmente necessárias antes da realização das observações ou dos
experimentos. Isso não serve apenas aos pesquisadores, pois cabe também aos
diferentes produtores de textos aprenderem a escolher fontes seguras.
Para o autor, o capítulo três é fundamental,
porque analisa o processo de redação técnico-científica de pesquisadores
adultos experientes. No Brasil, ainda não havia nenhuma publicação que tratasse
desse âmbito, visto que os trabalhos divulgados sobre o processo de redação têm
sido com estudantes do ensino fundamental e médio (crianças e adolescentes) e
também com universitários, o que é bem diferente da experiência de Pedro Reiz,
desde 2002, com profissionais adultos e com muita experiência prática, em
especial da área da saúde (medicina, enfermagem, psicologia, nutrição,
fisioterapia, odontologia, biologia, educação física, farmácia, biomedicina).
Redação
científica moderna, livro publicado com o selo da Editora
Hyria, não está situado meramente nos espaços acadêmicos nem se destina apenas
aos discentes de nível superior, docentes e demais profissionais da área
acadêmico-científica, uma vez que todas as pessoas alfabetizadas utilizam muito
mais informações técnico-científicas do que imaginam. Diariamente, somos
bombardeados por informações técnico-científicas no jornal, rádio, televisão e
internet, mas nem todos estão atentos a isso.
Pedro Reiz ressalta que é necessária alguma
cautela quando se começa a consumir e redigir texto técnico-científico, uma vez
que os desvios são inevitáveis no trajeto. Adverte ainda sobre a importância de
se adquirir e desenvolver vocabulário adequado, e questiona até que ponto um
texto pode ser considerado científico na área médica, por exemplo, sem os
quatro princípios da redação científica (clareza, precisão, concisão e
simplicidade). Para ele, é imprescindível o uso da norma-padrão da língua,
habilidades para refletir criticamente, ética na pesquisa, não só na redação do
documento, conhecimento do tema, uso correto da tecnologia para evitar o
comprometimento da pesquisa, entre outros.
Como deveria ocorrer nos textos que
produzimos, logo depois de “prontos” deveriam ser revisados. É sobre as quatro
diferentes categorias de revisões propostas pelo autor: autorrevisão, revisão
simples, intermediária e profunda, que é dedicado o último capítulo de Redação científica moderna.
Contudo, antes de deixar o leitor com as
amplas reflexões provocadas pelo livro, o autor ainda expõe uma série de
apêndices em que apenas lembra aos menos familiarizados alguns preceitos
utilizados nos textos acadêmicos, como, por exemplo, citações dos autores, sejam
elas literal, formal ou indireta; citação de diversas fontes; referências e um
checklist para revisão do próprio
trabalho.
O que se pode contemplar ao longo de seis
capítulos muito agradáveis de serem saboreados, é a construção de conhecimentos
junto ao leitor. Como frisamos anteriormente, o trabalho do prof. Pedro Reiz
está muito longe de livros em que os autores se vangloriam com os “cochilos”
dos demais colegas e pesquisadores, dão conselhos, ditam normas e mostram-se
acima dos demais. Nada disso consta em Redação
científica moderna, que é um texto ímpar cada vez mais descoberto pelos
estudantes, pesquisadores e leitores modernos.